Sou tomista convicto. O aspecto da Filosofia pelo qual mais me interesso é a Filosofia da História. Em função deste encontro o ponto de junção entre os dois gêneros de atividade em que me venho dividindo ao longo de minha vida: o estudo e a ação. O ensaio em que condenso o essencial de meu pensamento explica o sentido de minha atuação ideológica. Trata-se do livro Revolução e Contra-Revolução.

31 de outubro de 2013

O modernismo continua a existir por aí

As taras acumuladas durante o século XIX vieram abrolhar neste tumor maligno do modernismo, feito de impressionismos vagos, de exaltações suspeitas, de sentimentalismos adocicados, de um filantropismo naturalista e de um irracionalismo sensualista. Mas, sobretudo, o modernismo, por sua própria natureza, se apresentava com esta nota inédita: era a primeira heresia que não abria luta declarada contra a doutrina oficial, mas se confundia habilmente em manejos tortuosos, procurando aninhar-se jeitosamente no seio da Igreja. Pois bem.

Foi Pio X quem, de espada em punho, saiu a desentocar a serpente, para tocá-la donde ela não queria sair.

Entretanto, embora ferido de morte, o modernismo ainda continua a existir por aí, procurando sempre empestar os ambientes católicos. Certas mofas, que de vez em quando se ouvem, contra o raciocínio discursivo e contra o valor da apologética, não tem outra origem. Certo gongorismo intelectual, que consiste em jogar jeitosamente com o valor das idéias, burlando-lhes o sentido tradicional, tudo consistindo em divagações imprecisas, cheias de vaidade e pobres de verdade, com aparências de profundidade, e não passando de escamoteação, também vem daí. Esta incoerência em que se diluem os conceitos mais elementares, que se pode notar tantas vezes, ainda é modernismo. E, principalmente, tanto laxismo, que corre mundo sob capa de caridade, não passa de autentico modernismo.

Fonte: A beatificação de Pio X, o campeão do antimodernismo, Legionário, 18.01.1942

18 de outubro de 2013

Nobreza: padrão de excelência

Privada de qualquer poder político nas repúblicas contemporâneas, e possuindo nas monarquias apenas resquícios desse poder; tendo no mundo das finanças uma representação escassa, quando a tem; desempenhando na diplomacia, bem como no mundo da cultura e do mecenato, um papel de evidência quase sempre menor do que o da burguesia, a nobreza de hoje, na maior parte dos casos, não é senão um resíduo. Resíduo precioso, que representa a tradição, e que consiste essencialmente num tipo humano.

A este tipo humano, como defini-lo?

O curso dos fatos levou a que, durante séculos, e ainda na nossa sociedade intoxicada de igualitarismo, de vulgaridade, de baixa corrupção moral, a nobreza tenha constituído um padrão de excelência para edificação de todos os homens e, em certo sentido, para que recebam um merecido realce todas as coisas exímias, dignas de tal. Pois quanto mais se diz de um objecto que ele é nobre, aristocrático, tanto mais se acentua que ele é excelente no seu género.

Fonte: Nobreza e elites tradicionais análogas, nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, p. 137