Se a esquerda for açodada na efetivação das reivindicações "populares" e niveladoras com que subiu ao poder; - se se mostrar abespinhada e ácida ao receber as críticas da oposição; - se for persecutória através do mesquinho casuísmo legislativo, da picuinha administrativa ou da devastação policialesca dos adversários, o Brasil se sentirá frustrado na sua apetência de um regime "bon enfant" de uma vida distendida e despreocupada. Num primeiro momento, distanciar-se-á então da esquerda. Depois ficará ressentido. E, por fim, furioso. A esquerda terá perdido a partida da popularidade.
Em outros termos, se os esquerdistas, ora tão influentes no Estado (Poderes 1, 2 e 3), na Publicidade (Poder 4) e na estrutura da Igreja (Poder 5), não compreenderem a presente avidez de distensão do povo brasileiro, deixarão de atrair e afundarão no isolamento. Falarão para multidões silenciosas no começo, e pouco depois agastadas.
Fonte: Cuidado com os pacatos, Folha de S. Paulo, 14.12.82
Um comentário:
Oportuníssimo. Abraço George
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