Se desde sua fundação até nossos dias, a Igreja considerou com horror o nudismo e se, em nossos dias, entidades eclesiásticas [o toleram ou promovem], de duas uma:
1) ou a Moral católica mudou totalmente, e então a Igreja não é infalível nem divina;
2) ou essas entidades eclesiásticas adulteram o ensino da Igreja, e por si mesmas se excluem desta.
Ora, como a primeira hipótese é de todo em todo inaceitável, a segunda se impõe.
Não tenhamos medo de ver a verdade de frente. Este tema — do nudismo — levanta uma pergunta que vai muito além (...)
É absolutamente impossível que formas de rombuda agressão sexual se tenham generalizado tanto, sem que haja muitos diretores espirituais que concedam absolvição a pessoas que, por seu modo de trajar, não poderiam recebê-la. A eles, também a pergunta deve ser feita. — Se acreditam que a Moral da Igreja mudou, como ainda se dizem católicos? E se, permitem às suas penitentes [esse modo de trajar] com que direito se inculcam como padres católicos? (...)
Mas, dirá alguém, uma pessoa não peca contra a Fé por violar um desses Mandamentos (6º e 9º). Logo, minha argumentação é sem base.
Evidentemente, não digo que peca contra a Fé. Mas quem afirma, implícita ou explicitamente, que a Moral da Igreja mudou, este sim, peca contra a Fé.
E daí uma pergunta que, também a propósito da conduta face ao comunismo e de diversos outros assuntos, pode ser feita: quem ainda é católico apostólico romano dentro desse imenso magma de milhões de pessoas — cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos e leigos — habitualmente tidos como membros da única e imperecível Igreja de Deus?
Fonte: Quem ainda é católico na Igreja Católica?, Folha de S. Paulo, 5.01.75
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