Sou tomista convicto. O aspecto da Filosofia pelo qual mais me interesso é a Filosofia da História. Em função deste encontro o ponto de junção entre os dois gêneros de atividade em que me venho dividindo ao longo de minha vida: o estudo e a ação. O ensaio em que condenso o essencial de meu pensamento explica o sentido de minha atuação ideológica. Trata-se do livro Revolução e Contra-Revolução.

20 de março de 2014

Ingenuidade dos católicos que seguiram Hitler e seus propósitos cristianizadores

É preciso, a todo custo, acabar com a funesta ingenuidade de se supor que todo o indivíduo que esboça confusamente um ato de Fé vago e incompleto é, implicitamente, um católico, apostólico, romano digno da maior confiança. Esta mentalidade é muito mais generalizada do que se supõe. Pois não houve na França católicos e - quem o diria! - católicos de certa projeção, que consideraram possível uma colaboração com os comunistas, simplesmente porque estes disfarçaram um pouco seu materialismo sectário e virulento? Não houve, na Alemanha e na Áustria, quem acreditasse nas promessas de Hitler e na sinceridade de seus propósitos construtores e cristianizadores, simplesmente porque o “Führer” falou em Deus em um ou dois discursos imediatamente subsequentes ao Anschluss? É preciso acabar com essa ingenuidade. Quem (...) foi investido de postos de responsabilidade tem obrigação absoluta - insistimos na palavra absoluta, com toda a consciência do que dizemos - de adestrar sua argúcia, de sorte a poder distinguir da ovelha verdadeira, o lobo que se revestiu matreiramente com a pele do carneiro, do contrário, não poderá ser dirigente. (...)

Que valor tem, pois, o dirigente (...) que não tem a perspicácia recomendada pelo Evangelho?

Dissemos que a argúcia é uma necessidade particularmente imperiosa em nosso século. Na realidade, porém, ela foi necessária a todos os séculos, porque o espírito das trevas foi sempre dissimulado e falso, e constituem verdadeiras exceções as épocas históricas em que, como no século [XIX], a impiedade deixou de lado todos os disfarces para se atirar abertamente contra a Santa Igreja. Em geral suas investidas foram disfarçadas e sub-reptícias. O demônio nunca é tão perigoso como quando ele se reveste da aparência dos Anjos fiéis.

Não é outra a razão pela qual a Santa Igreja de Deus foi sempre de uma invencível argúcia em desmascarar as heresias disfarçadas e subtis, e é curioso notar que nessa argúcia pertinaz e combativa ela colocou as mais suaves refulgências de sua santidade. (...)

E, neste século que é o século das grandes heresias sociais, nossa argúcia se deve voltar tenazmente para o campo político, social e econômico, a fim de descobrir ali a ação devastadora dos lobos mascarados em cordeiros.

Fonte: No século das heresias políticas, Legionário, 29.05.1938

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