Sou tomista convicto. O aspecto da Filosofia pelo qual mais me interesso é a Filosofia da História. Em função deste encontro o ponto de junção entre os dois gêneros de atividade em que me venho dividindo ao longo de minha vida: o estudo e a ação. O ensaio em que condenso o essencial de meu pensamento explica o sentido de minha atuação ideológica. Trata-se do livro Revolução e Contra-Revolução.

16 de novembro de 2013

Ao ritmo da máquina, fundem-se temperamentos, tradições e mentalidades

Nesses nossos anos de confusão, o mais das vezes os fatos influenciam muito menos pelo que são do que pelo que parecem ser. E eles parecem ser conforme os apresenta a propaganda.

Tratar do que, então? Fecho os olhos para refletir. E como há pouco girei muito largamente de automóvel pelas ruas, não é de espantar que me venha ao espírito uma multidão de figuras humanas. Obviamente as dessemelhanças entre elas são enormes. Nessa São Paulo que regurgita de filhos, netos e bisnetos da imigração, todas as etnias estão representadas. Mesmo as mais raras. Até paulistas...

Sem embargo das diferenças, desse conjunto se desprende uma marcada monotonia. É que, na imensa maioria dos casos, trata-se de gente estandardizada pela vida moderna das grandes cidades industrializadas. Mais ricos uns, outros menos, vão-se fundindo ao ritmo da máquina, no torvelinho de Mamon, os temperamentos, as tradições e as mentalidades mais diversas. Tudo tende a proporcionar a sobrevivência razoável, a saúde e a estabilidade de todos. Neste torvelinho estão engajados até os nababos. E também a eles esse sistema de trituração de almas alcança e reduz psicologicamente ao pó da mentalidade comum.

Fonte: E o mendigo tem razão..., Folha de S. Paulo, 26.11.82

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