O nascimento do Menino Deus torna patente a nossos olhos o fato da Encarnação. É a segunda Pessoa da Santíssima Trindade que assume natureza humana e se faz carne por amor de nós. Ademais, é o início da existência terrena do Senhor. Um início refulgente de claridades, que contém em si um antegosto de todos os episódios admiráveis de Sua vida pública e privada. No alto desta perspectiva está sem dúvida a Cruz. (...)
A primeira impressão que nos vem do fato da Encarnação é a idéia de um Deus presente sensivelmente, e muito junto de nós. Antes da Encarnação, Deus era para nossa sensibilidade de homens o que seria para um filho um pai imensamente bom mas morando em terras distantes. De todos os lados nos vinham os testemunhos de sua bondade. Porém não tínhamos a ventura de haver experimentado pessoalmente seus afagos, de ter sentido pousar em nós seu olhar divinamente profundo, gravemente compreensivo, nobremente afetuoso. Não conhecíamos a inflexão de sua voz. A Encarnação significa para nós o gáudio deste primeiro encontro, a alegria do primeiro olhar, o acolhimento carinhoso do primeiro sorriso, a surpresa e o alento dos primeiros instantes de intimidade. E por isto, no Natal, todos os afetos se tornam mais expansivos, todas as amizades mais generosas, toda a bondade mais presente no mundo.
Fonte: Populus qui habitabat in tenebris vidit lucem magnam, Catolicismo nº 12, Dezembro de 1951
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