Sou tomista convicto. O aspecto da Filosofia pelo qual mais me interesso é a Filosofia da História. Em função deste encontro o ponto de junção entre os dois gêneros de atividade em que me venho dividindo ao longo de minha vida: o estudo e a ação. O ensaio em que condenso o essencial de meu pensamento explica o sentido de minha atuação ideológica. Trata-se do livro Revolução e Contra-Revolução.

18 de setembro de 2013

Quinta-coluna: o misterioso e decisivo fenômeno para a derrota do bem

Esta folha [Legionário] já tem escrito muito a respeito da quinta-coluna. Mais ou menos por toda parte ela tem feito terríveis devastações, tem ela obtido para as forças totalitárias mais triunfos do que todos os tanques, todos os canhões ou todos os generais.

O que é esta quinta-coluna, misteriosa e extensa, cujos dedos mágicos e impalpáveis encontram sempre, no momento decisivo, no lugar decisivo, no posto indispensável, o homem serviçal e flexível que abre sorrateiramente as portas das mais intransponíveis fortificações, anestesia e transforma em inofensivas cobaias, os mais valentes leões de guerra e fere de sonolenta cegueira os mais dinâmicos e perspicazes estadistas? A que realidade trágica e satanicamente profunda corresponde esse grande mysterium iniquitatis?

Não causa surpresa que os fariseus tenham encontrado um Judas. Mas, que o perfil diabólico do Iscariotes se multiplique indefinidamente, espalhando-se, esgueirando-se, tramando sorrateiramente e obtendo vitórias que são verdadeiros golpes de prestidigitação, eis aí uma novidade desconcertante cujo raio de ação parece transcender a órbita dos recursos humanos.

De nossa parte, estamos certos de que o substratum humano mais profundo da quinta-coluna não é fornecido nem pelos aventureiros, nem pelos oportunistas, nem pelos traidores vulgares que a peso de ouro sacrificam seus mais sagrados deveres. Há demais trabalho, demais inteligência, demais êxito nesse vasto plano para que façamos ao oportunista a honra de o apontar como seu autor. Só um idealismo ardente e satânico como o que animava, outrora, os propagandistas da Revolução Francesa e do Comunismo, pode explicar tantas e tais vitórias.

Mas, esse pequeno punhado de idealistas de nada valeria se não encontrasse a seu serviço toda uma coorte de oportunistas, de imediatistas, de brilhantes ratés e de inconsoláveis fracassados, dispostos a tudo, prontos a tudo, a todos os riscos como a todas as infâmias, para manter a fachada ilusória de uma situação social já esboroada, de uma reputação já comprometida ou de uma tradição já maculada. Aí, nesse bas-fond humano, é que se encontram todos os agentes da quinta-coluna, todos os miseráveis que servirão de instrumentos a essa catástrofe em marcha que é o totalitarismo.

Fonte: Pearl Harbor e o Carnaval, Legionário, 15.02.1942

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